quarta-feira, 16 de maio de 2012

POLÊMICA - Marta Suplicy vai retomar proposta da ex Senadora Fatima de Cleide da Lei contra Homofobia

Marta Suplicy vai retomar proposta de Fátima Cleide para lei contra homofobia

Relatora do projeto de lei que criminaliza a homofobia, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) disse pretender retomar o texto que havia sido proposto pela ex-senadora Fátima Cleide (PT-RO). 

Marta Suplicy, disse que atende pedido feito por representantes da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), fez o anúncio durante seminário nesta terça-feira (15).


Fátima Cleide foi relatora da matéria (PLC 122/2006) até o início de 2011, quando terminou seu mandato. O texto que ela defendia era uma versão modificada do projeto apresentado dez anos antes pela ex-deputada federal Iara Bernardi. Marta Suplicy, que assumiu o cargo de senadora em 2011, substituiu Fátima Cleide na relatoria da matéria e fez outras modificações, visando obter um acordo com os parlamentares que se opõem à proposta.


Uma das mudanças feitas por Marta Suplicy foi a inclusão de um item para determinar que a nova lei “não se aplica à manifestação pacífica de pensamento decorrente da fé e da moral fundada na liberdade de consciência, de crença e de religião”. Esse item visava atender os que acusam o projeto de inibir a liberdade de expressão dos religiosos que se opõem ao homossexualismo.


– Negociamos durante meses. Os senadores que participaram das negociações tiveram boas intenções, mas não encontraram apoio em suas bases ou igrejas – disse ela, reiterando que agora sua intenção é retornar à proposta de Fátima Cleide, que foi aprovada na Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS) no final de 2009.



Apoio da sociedade civil

No entanto, Marta Suplicy argumentou que é preciso esperar pela “conjuntura certa” para votar – e aprovar – esse texto. Ela citou o exemplo do presidente norte-americano Barack Obama, que recentemente anunciou seu apoio ao casamento de pessoas do mesmo sexo. Apesar de ressaltar que a atitude de Obama foi “corajosa e histórica”, ela também avalia que “talvez ele sempre tenha sido favorável ao casamento gay, mas antes a conjuntura não lhe permitia assumir tal posicionamento”.


A senadora observou que, apesar da divisão na sociedade norte-americana sobre o assunto, pesquisas indicam o aumento do apoio ao casamento de pessoas do mesmo sexo naquele país. Para chegar a situação semelhante, sublinhou ela, é preciso mobilizar a sociedade brasileira.


– Só vamos mudar a situação atual e aprovar o projeto que criminaliza a homofobia quando os não gays assumirem que não querem mais violência e discriminação contra os homossexuais – afirmou.


Marta Suplicy reiterou que essa mudança de postura na sociedade brasileira é necessária para dar respaldo à “maioria silenciosa” de parlamentares que, segundo ela, apoiaria o projeto se não tivesse receio da reação contrária de seus eleitores. A senadora também avalia que a pressão da sociedade poderia levar a presidente Dilma Rousseff a adotar uma posição clara – e favorável – sobre o assunto.



Contrastes

O presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, comparou o caso do Brasil, onde o projeto de criminalização da homofobia tramita há cerca de dez anos no Congresso Nacional, com o de outros países da América do Sul. Ele lembrou que o congresso argentino aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em 2010, enquanto os parlamentares chilenos aprovaram rapidamente a criminalização da homofobia, no mês passado, após o assassinato de um jovem homossexual. Toni Reis também ressaltou que foi o Judiciário brasileiro que aprovou, há um ano, a união entre pessoas do mesmo sexo.


– Mais de três mil homossexuais foram assassinados no Brasil nos últimos anos. Mas o projeto ainda não foi aprovado – lamentou.


Toni Reis disse ainda que o projeto não afeta a liberdade de expressão dos religiosos que são contra o homossexualismo, desde que não se incentive a discriminação ou a violência.


– Eles podem dizer que é pecado, mas não que é doença ou que somos criminosos – acrescentou.


Posição semelhante foi manifestada pela ativista travesti Keyla Simpson, presidente do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.


Ao reconhecer as dificuldades para se aprovar o projeto, a magistrada Maria Berenice Dias, considerada uma das pioneiras na defesa dos direitos dos homossexuais, disse que Fátima Cleide não conseguiu se reeleger para o Senado justamente porque defendeu a proposta.


– Ela entregou seu mandato porque abraçou esta causa – frisou Maria Berenice, que é presidente da Comissão Especial da Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).


Também participaram do seminário os senadores Ana Rita (PT-ES), Paulo Davim (PV-RN) e Paulo Paim (PT-RS). 



Fonte - Agência Senado
Web Master - Ailtton Santos

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